16 de Fevereiro de 2021 – Conversões ao on-line

A minha vida no ensino é (ainda) curta. Serei, porventura, a última pessoa com moral para tecer grandes filosofias sobre o assunto. Ainda assim, não consigo deixar de notar que passei muito tempo, mesmo ainda antes de passar a ter a vida de ‘stor’, a ler e a ouvir profundas críticas à Escola, à sua forma de trabalhar, à sua forma de formar, à sua forma de, até certo ponto, formatar. A Escola não estava a acompanhar o desenvolvimento social e as diferentes formas de estar, cada vez mais profundamente ligadas à tecnologia. Em poucas palavras, a vida era tecnológica, a Escola analógica. A pandemia veio baralhar e voltar a dar, e o que aconteceu foi que veio ao de cima a forma distorcida como se estava a olhar para o problema. Se calhar, a vida não estava preparada para ser tão tecnológica quanto isso, nem a escola estava a ser tão analógica quanto isso. Em pouco tempo, a Escola converteu-se ao digital, mas o que começamos a perceber foi que os alunos (e todo o seu ecossistema familiar) continuaram a viver (e a esperar que a Escola vivesse) no analógico. Na mente de muitos, a tecnologia apenas serve o ‘chico-espertismo’ de nos enganarmos a nós mesmos, apresentando um trabalho bem feito, mas erradamente estruturado. É mais fácil encarar a tecnologia como um elemento facilitador, ou, mais correctamente, um elemento simplificador, uma forma de tornar as coisas mais simples, porque não vale a pena muscularmos o cérebro, quando temos tudo no Google. Este é o momento da autonomia do aluno, tão reclamada por muitos. A Escola converteu-se ao on-line de boa fé, esperando reciprocidade. A conversão dos restantes elementos do ecossistema deve partir da mesma boa fé. Caso contrário, estaremos a viver um logro, de que a Escola não é responsável, e cujas consequências serão, mais dia, menos dia, servidas frias.

15 de Fevereiro de 2021 – Sobre o (não) haver Páscoa

Por ser algo que nos é intrínseco e imediato, de vez em quando esquecemo-nos do poder da palavra. A palavra é como uma bala que se dispara. Depois de sair da pistola, não dá para ir a correr muito, agarrar nela e voltar a meter no tambor. A palavra, depois de disparada, é como a bala, que se multiplica em pequenos pedaços de chumbo, compactos, letais, por vezes. E o que muitas vezes nos acontece, é que disparamos sem pensar muito bem nas consequências, ou até mesmo na potência da bala. Lê-se, por estes dias, em alguma comunicação social, que o Governo (atribuamos caras às coisas, António Costa) terá dito que este ano ‘não haverá Páscoa para ninguém’. Façamos como Lenine, e andemos dois passos para trás, para podermos avançar de forma mais firme. A determinada altura, circularam notícias sobre a morte do escritor Mark Twain, que, em comentário às mesmas, terá dito: ‘parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas’. A curta frase de António Costa parece, igual e manifestamente exagerada. A Páscoa, como qualquer outro marco importante da vida cristã, não precisa de manifestações externas ou de convivialidade exagerada para acontecer. Lutero tinha uma certa razão quando pregava uma igreja (entenda-se, uma fé) individual ou individualizada, em que não seriam precisos templos majestosos para celebrá-la, da mesma forma que Cristo disse ‘onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles’. A fé e a sua manifestação, seja qual for a confissão religiosa que se professe, não precisa de sinais exteriores ou superficialidade. Antes, deve radicar no mais íntimo de cada um. Só se pode manifestar ou dar aquilo que se tem. Por isso, nos tempos que correm, a fé é forçosamente individual, e a sua manifestação restrita. Não é possível rasgar, por decreto governamental, as folhas do calendário dos dias em que os cristãos experimentam a conversão, a passagem, a transformação da morte em vida. Tal como não é possível rasgar, por decreto governamental, as folhas do calendário dos dias em que os judeus celebram o Hanukkah. Tal como não é possível, por decreto governamental, abolir o Eid al-Adha dos muçulmanos. Que o Governo diga que não devemos promover festas com muitas pessoas à mesa, a pretexto de uma comemoração, é uma coisa. Dizer aos cristãos que, na sua igreja íntima e individual, não poderão reviver os passos da Cristo até ao Calvário, a sua Paixão e Ressurreição, é, para além de uma profunda ignorância, no mínimo, risível.

14 de Fevereiro de 2021 – A perfeição de Bach

Uma das frases que mais me marcou, repetida por vários mestres, foi ‘agora, sim, está pronto para trabalhar’. Esta é, normalmente, a conclusão a que se chega, cada vez que se toca uma peça. Outra vez, outra vez e outra vez. E mesmo quando já parece estar perfeita, há uma nota que se esborracha, ou algo que não fica como deve ser. E até mesmo quando isso não acontece, este trabalho nunca está terminado. De cada vez que a peça parece estar perfeita, nessa altura é que está pronta para começar a ser trabalhada. Sinfonia 11, de Johann Sebastian Bach.

(É em alturas como esta que parece ser mais fácil compreender a obsessão de Glenn Gould pela perfeição de Bach).

13 de Fevereiro de 2021 – O Dia da Rádio

Hoje é Dia Mundial da Rádio, e deu-me para lembrar uma daquelas coisas que nos acontecem como uma espécie de iniciação ao ser-se homem. Há uns anos atrás, entrei na redacção da TSF Rádio Notícias, da forma mais inesperada possível, para aprender, acima de tudo, a ser homem. O João Paulo Meneses, o Pedro Pinheiro, o Joaquim Ferreira, a Leonor Ferreira, a Rute Fonseca, o Joaquim Dias, o Ramiro, o Pedro, e muitos outros, jornalistas e técnicos, foram apenas alguns dos mestres que tive, em dois intensos meses que valeram a tal lição de vida. O Dia Mundial da Rádio surgiu por iniciativa da UNESCO, como forma de assinalar o papel que este meio de comunicação desempenhou, desempenha e continuará a desempenhar na nossa vida de todos os dias. A Rádio esteve presente nas guerras, como arma de propaganda. A Rádio esteve presente nas revoluções, como meio de fazer passar a mensagem. A Rádio está sempre presente nos momentos de glória do futebol, através dos relatos. A Rádio está presente nos automóveis, fazendo-nos companhia na liberdade das viagens, ou nas prisões do trânsito. A Rádio sempre esteve presente nas minhas noites, nos meus momentos de pausa e nos meus despertares. Foi a Rádio que me ensinou a gostar de Jazz, pela mão dos ‘5 minutos de Jazz’, de José Duarte. Foi a Rádio que me mostrou muita música que é obrigatório conhecer-se, nos muitos programas da Antena 2. A Rádio acabou por cruzar-se comigo no percurso profissional, quase sem querer, e eu achando que não estava à altura dos desafios que ela impõe. Com o João Almeida, levámos o microfone da Rádio Regional de Arouca a sítios completamente impensáveis, como, por exemplo, ao último jogo oficial do Estádio das Antas, ou ao Estádio Alvalade XXI, para trazermos às ondas do éter o relato e os comentários. Graças ao João e à Rádio, nós estivemos lá. Voltando um pouco atrás, foi a soma destas coisas todas que resultou numa lição de vida. A de que é preciso ter o ‘killer instinct’ de fazer a pergunta certa para se poder ir até ao fim da rua, até ao fim do mundo.

12 de Fevereiro de 2021 – Moçambique

Um impulso, vindo não sei muito bem de onde, tem-me feito orientar as leituras no sentido de saber mais sobre Moçambique, e, consequência disso, é inevitável passar ao lado da sua descolonização e independência. Assim cheguei a ‘Descolonização e independência em Moçambique: factos e argumentos’, de Henrique Terreiro Galha. Não é um livro de história, mas também não é um livro de memórias. Não é um livro de política, mas ela também não está totalmente ausente. Não é um livro de fábulas ou poesia, mas antes feito de páginas com muita realidade dentro. Uma das faculdades que todos temos é a de analisar criticamente o que nos chega, e de concordarmos, discordarmos, ou, simplesmente, mantermo-nos indiferentes. Quando aqui se lê que a independência de Moçambique foi feita de forma precipitada, e que podia e devia ter sido concedida de forma diferente (porque, na realidade, muitos portugueses foram literal e cruelmente abandonados e sacrificados, apenas por viverem ou terem nascido em África), não há como não lançar os olhos na leitura.

A Frelimo conseguira, em Lusaca, no dia 7 de Setembro de 1974, a sua grande vitória, impensável para os seus dirigentes alguns meses atrás. Na verdade, a Frelimo ganhara em Portugal a guerra que não conseguira vencer em Moçambique. Com efeito, o “25 de Abril” fora assumido pelo novo poder, pelas instituições, pela comunicação social, por grande parte da população mal informada, como a bandeira do antifascismo e da liberdade. A Frelimo exibia a mesma bandeira. Deste modo, o novo regime português e a Frelimo identificavam um inimigo comum: o fascismo. As Forças Armadas portuguesas e as instituições em Moçambique eram, assim, resquícios do fascismo. Dito de outra maneira, a Revolução portuguesa proclamava a dicotomia esquerda/direita; a esquerda reclamava-se progressista e antifascista, e execrava a direita, com epítetos de conservadora, reaccionária e fascista. Muitos apoiantes do regime deposto, por oportunismo ou pusilanimidade, acomodaram-se rapidamente a essa esquerda. Todavia, a dicotomia não se aplicou aos portugueses vindos do Ultramar, humilhados e demonizados como fascistas, exploradores, colonialistas, reaccionários, apesar de espoliados em Moçambique dos seus bens e haveres, produto de uma vida de trabalho. Aos designados “retornados”, não era facultada opção: eram todos fascistas! Os portugueses brancos de Moçambique eram os maus. A Frelimo transfigurara-se de inimiga em aliada. Lamentavelmente, os portugueses brancos do Ultramar, mais do que as “cem famílias” da Metrópole, fugidas ou encarceradas, foram os “bodes expiatórios” da Revolução. Para as colónias, levaram trabalho, empreendedorismo, desenvolvimento, progresso. Nada extorquiram ou roubaram, até porque nada havia para roubar. Criaram riqueza, que, de uma maneira geral, investiram na terra adoptiva. Da qual tiveram de fugir, depois de espoliados, com a aprovação ou complacência dos novos poderes da Nação. Na verdade, os colonialistas viviam na Metrópole: banqueiros, industriais, grandes comerciantes, beneficiando de leis proteccionistas e do trabalho de brancos e pretos no Ultramar.

‘Descolonização e independência em Moçambique: factos e argumentos’ – (Henrique Terreiro Galha)

11 de Fevereiro de 2021 – Adiar ou não adiar? Eis a questão…

Foto: Tiago Petinga (LUSA)

Rui Rio resolveu dar a conhecer a decisão de que vai reflectir para tomar uma decisão. Rasteirado por quem lhe fez a pergunta, ou por si próprio, o que é facto é que disse… nada. A pergunta tinha a ver com o eventual adiamento das eleições autárquicas, agendadas para este ano. E, mais uma vez, ao anunciar a ponderação, mas deixando já mais ou menos claro que a sua posição pende para o adiamento, volta a ser lícito questionarmo-nos sobre a conduta dos partidos políticos. O que Rui Rio disse foi que ia ‘reflectir a sério’ (porque, talvez, poderia pensar em ‘reflectir a brincar’). Num tema como o das eleições autárquicas, em que tudo o que está em jogo são contextos locais, em que, cada vez mais, os candidatos se desvinculam dos partidos e apresentam soluções independentes (com toda a carga burocrática que isso implica), em que o que se julga são as obras, as personalidades e as ideias, Rio não presta um bom serviço ao país, ao centralizar uma questão que é local. Ainda mais, ao centralizá-la ao nível dos partidos que, bem sabemos, decidem primeiro em benefício próprio. Por outro lado, o debate que deveria estar a decorrer, neste momento, seria o de encontrar ferramentas para estender o voto a mais cidadãos, o de encontrar novos formatos deste exercício de cidadania, o de modernizar o sistema e combater a abstenção. Todavia, e mesmo que truncado e seccionado, se o objectivo foi lançar o debate, foi conseguido. E, como é habitual na sua postura pública, a forma não foi, nem de perto nem de longe, a ideal. Porque o que vai gerar é um fluxo de opiniões, vindas de todos os lados. E o fluxo de opiniões, rapidamente se transforma numa espécie de guerrilha cibernética, da qual dificilmente sairão boas decisões. Sim, porque, cada vez mais, Governo e Oposição governam e opõem-se, antes de qualquer outro palco, no da comunicação social e das redes. Tropeço numa frase do Papa Paulo VI, que, já em 1974, e num clima em que a guerra colonial ainda tinha as suas feridas abertas, era bem elucidativa. Basta metamorfosear as palavras, e transferi-las para o contexto voraz da actualidade.

Hoje em dia, a opinião é rainha que governa, de facto, os povos. O seu fluxo imponderável forma-os, orienta-os e depois os povos, isto é, a opinião pública operante, a governar os governados.

Papa Paulo VI (Mensagem do 7.º Dia Mundial da Paz)

10 de Fevereiro de 2021 – Sobre o aniversário de ontem

O meu Avô Elísio, de quem herdei muita coisa boa, através desse mistério fantástico a que chamamos genética, faria ontem 91 anos. Para além de tudo isso, herdei a sua coluna no jornal ‘Roda Viva’, e isso faz com que, pelo menos uma vez por mês, sinta o peso da responsabilidade. Por saber que nunca terei o seu estatuto, nunca terei os seus leitores, nunca terei a sua forma sábia de olhar as coisas e escrever sobre elas.

Se há coisa absolutamente inflexível é o tempo. Esse que passou, desde que fazia as viagens até Rossas debruçado nos bancos da frente do Datsun amarelo do avô Brandão, ou do Renault 9 bege (e depois cinzento). O avô Brandão foi homem de poucas falas até encontrarmos um território comum de partilha. E foi nessa altura que herdei dele o melhor que podia herdar. Uma forma justa, correcta, ponderada e assertiva de ver, pensar, fazer, viver. Se há coisa absolutamente inflexível é o tempo. Esse que passou, nesta semana de despedidas. Mas também de encontros e reencontros. Ouvi mais do que falei com o Tio Manel, que me reabriu os olhos para o Mia Couto. E eu fui procurar, e encontrei. «O adivinho alisava as pernas joelhudas, parecia tirar delas a força de adivinhar. Disse que havia duas maneiras de partir: uma era ir embora, outra era enlouquecer. Meu pai escolhera os dois caminhos, um pé na doideira de partir, outro na loucura de ficar. ‘Por isso eu digo: não é o destino que conta mas o caminho’.» Eu não acredito em partidas. Não acredito que homens grandes como o avô Brandão nos deixem. E como o respeito tanto como respeito as palavras, que ele alinhava largamente melhor do que eu, continuarei a partilhar com ele, a herdar dele esse legado indizível.

Arouca, 22 de Julho de 2019

9 de Fevereiro de 2021 – Penso em Job

A vida do homem sobre a Terra não é ela uma luta? Não são os seus dias como os de um assalariado? Como um escravo suspira pela sombra e o jornaleiro espera o seu salário, assim eu tive por quinhão meses de sofrimento e couberam-me em sorte noites cheias de dor. Se me deito, digo: ‘Quando chegará o dia?’ Se me levanto: ‘Quando virá a tarde?’ E encho-me de angústia até chegar a noite. A minha carne cobre-se de podridão e imundície, a minha pele está gretada e supura. Os meus dias passam mais depressa que a lançadeira e desaparecem sem deixar esperança. Lembra-te de que a minha vida é um sopro, e os meus olhos não voltarão a ver a felicidade. 

(Jb 7, 1-7)

Penso em Job quando penso nos profissionais de saúde, que, de repente, se vêem a ter de trabalhar com o nada que lhes foi deixado por quem desistiu do Serviço Nacional de Saúde, preferindo, agora, culpar a ‘troika’. Em seis anos (seis anos) sem ‘troika’, o Governo de Portugal não foi capaz de dar o mínimo exigível ao SNS. Penso em Job quando penso nos professores. Que entre ordens e desordens, decisões e indecisões, acabam entregues a si próprios pelo próprio Ministro da Educação, que diz confiar neles para resolverem os casos complicados que o Governo não quer resolver. Penso em Job quando penso nos que perderam tudo, até mesmo a esperança, nos que perderam a vida e nos que os perderam. Mas penso também em Job, e em todas estas pessoas, quando penso que o povo é sábio. E se diz que ‘não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe’, resta-nos cultivar a paciência. Essa paciência. De Job.

8 de Fevereiro de 2021 – ‘Orgel Kids’

Chove. Está frio. Não é fácil ir até um órgão. Pois bem. Trazemos o órgão para casa. Uma pequena brincadeira organística, com a peça do projecto holandês ‘Orgel Kids’. Este projecto pretende, literalmente, apresentar o órgão às crianças. Deixar que elas o descubram. A forma como é construído. A mecânica que está por trás do som que produz. Tudo isto através de um ‘Do-organ’, um modelo de órgão estilo IKEA, cuja montagem, utilização e desmontagem pode ser feita pelos mais pequenos. Num dia de chuva e frio, em que o órgão veio para dentro de casa, o que espero é que, um dia Arouca, possa conhecer de perto o ‘Do-organ’. E ter muitos ‘Orgel Kids’. O projecto ‘Orgel Kids’ pode ser conhecido aqui

7 de Fevereiro de 2021 – 3 Caminos

Dizia o poeta António Machado, que o caminho se faz ao andar, ‘golpe a golpe, verso a verso’. Os caminhos são isso mesmo. Sem os nossos passos, são apenas espaço. Mas só com o nosso caminhar ganham sentido. Se António Machado dizia no poema nunca ter perseguido a glória, também eu nunca havia sentido a vontade de seguir pelos Caminhos de Santiago. E foi a vida, com as suas interrogações e porquês agudos, ou talvez Deus, que pôs a pergunta fundamental (já com resposta dada) nas palavras do Rev. Pe. José Joaquim Ribeiro, grande amigo de (já) longa data. Sem saber como nem porquê, a resposta (à não pergunta) foi imediata. Eis-me aqui. Mesmo sem preparação alguma, sem sentir a mística do caminho, mesmo sem chamamento que não o daquele momento. E fui. Como a personagem de Robert de Niro no filme ‘A Missão’, com as armaduras da vida presas ao corpo. Percebendo que o caminho se faz, de facto, com um passo após o outro, etapa após etapa, palavra após palavra no final de cada dia. No encontro connosco e com o outro. No terminar cada etapa. No chegar a um destino. E se na decisão tocou um sino, outro tocava à chegada a Santiago de Compostela. E vieram as chuvas e os ventos, mas a casa não caiu. Talvez porque, mesmo que não parecesse, mesmo com a dureza do caminho, verificamos que é possível estar assente nessa rocha firme. A mesma que calcorreámos até ao destino.

Escrevi este texto a 30 de Janeiro de 2018, depois de ter feito o Caminho Sanabres, com o meu amigo Pe. José Joaquim e o seu fantástico grupo de caminhantes. Na altura, fomos contando o que ia acontecendo aqui. Relembro-o hoje, depois de ter visto o primeiro episódio da série ‘3 Caminos’, da Amazon Prime, com co-produção da RTP. Quem já fez o Caminho, recordará e encontrará algo novo ao recordar o caminho que fez. Quem não fez, ficará com vontade de fazer e de sentir na pele o que ali se vê. E muito mais.