Uma das frases que mais me marcou, repetida por vários mestres, foi ‘agora, sim, está pronto para trabalhar’. Esta é, normalmente, a conclusão a que se chega, cada vez que se toca uma peça. Outra vez, outra vez e outra vez. E mesmo quando já parece estar perfeita, há uma nota que se esborracha, ou algo que não fica como deve ser. E até mesmo quando isso não acontece, este trabalho nunca está terminado. De cada vez que a peça parece estar perfeita, nessa altura é que está pronta para começar a ser trabalhada. Sinfonia 11, de Johann Sebastian Bach.
(É em alturas como esta que parece ser mais fácil compreender a obsessão de Glenn Gould pela perfeição de Bach).