A minha vida no ensino é (ainda) curta. Serei, porventura, a última pessoa com moral para tecer grandes filosofias sobre o assunto. Ainda assim, não consigo deixar de notar que passei muito tempo, mesmo ainda antes de passar a ter a vida de ‘stor’, a ler e a ouvir profundas críticas à Escola, à sua forma de trabalhar, à sua forma de formar, à sua forma de, até certo ponto, formatar. A Escola não estava a acompanhar o desenvolvimento social e as diferentes formas de estar, cada vez mais profundamente ligadas à tecnologia. Em poucas palavras, a vida era tecnológica, a Escola analógica. A pandemia veio baralhar e voltar a dar, e o que aconteceu foi que veio ao de cima a forma distorcida como se estava a olhar para o problema. Se calhar, a vida não estava preparada para ser tão tecnológica quanto isso, nem a escola estava a ser tão analógica quanto isso. Em pouco tempo, a Escola converteu-se ao digital, mas o que começamos a perceber foi que os alunos (e todo o seu ecossistema familiar) continuaram a viver (e a esperar que a Escola vivesse) no analógico. Na mente de muitos, a tecnologia apenas serve o ‘chico-espertismo’ de nos enganarmos a nós mesmos, apresentando um trabalho bem feito, mas erradamente estruturado. É mais fácil encarar a tecnologia como um elemento facilitador, ou, mais correctamente, um elemento simplificador, uma forma de tornar as coisas mais simples, porque não vale a pena muscularmos o cérebro, quando temos tudo no Google. Este é o momento da autonomia do aluno, tão reclamada por muitos. A Escola converteu-se ao on-line de boa fé, esperando reciprocidade. A conversão dos restantes elementos do ecossistema deve partir da mesma boa fé. Caso contrário, estaremos a viver um logro, de que a Escola não é responsável, e cujas consequências serão, mais dia, menos dia, servidas frias.