Confesso que, no início, fui surpreendido pelo convite da M. para ir ver o concerto do Ney Matogrosso ao Coliseu do Porto. Acabei, mais tarde, por perceber que afinal tinha medo da provocação. Medo do proibido, da transgressão, da ousadia, do exotismo, do ícone. Tudo isso acabou por se desvanecer com o início do concerto. Parti sem qualquer referência prévia, sem qualquer ideia formada, sem qualquer conhecimento do que iria acontecer. O furacão formou-se rapidamente com «O Tempo não pára». Um original de Cazuza, uma referência (propositada ou não) à estreita proximidade entre os músicos, tão parecidos e tão diferentes nos seus percursos, opções e formas de estar no meio musical da época em que se afirmaram.
Descobri que, provavelmente, não tenho «bagagem» para classificar a música que ouço. Que, às vezes, há ténues preconceitos, que talvez não sejam tão ténues quanto isso, que nos impedem de ver o que realmente há para ver. Descobri um pouco do que é Ney Matogrosso. Descobri essa provocação, esse proibido, essa transgressão, essa ousadia, esse exotismo, esse ícone. Descobri que ainda tenho muito para aprender com a M., sobretudo depois de um concerto de Rodrigo Maranhão e de Milton com Jobim Trio. Agora foi com Ney Matogrosso.
Por tudo isto, e pela admiração que me fazes sentir por ti, obrigado, M.
Amigo Ivo…
Agora que descobri este teu “novo” canto, vou passando por cá para saber das novidades!!!
Por coincidência, um dia destes, enquanto fazia a viagem “diária” Gaia-Viseu, a rádio ofereceu-me “Eu, bandoleiro, no meu cavalo alado”…
Confesso que é a única referência que tenho de Ney Matogrosso e que trago desde a infância, dos tempos em que via essa figura estranha na colecção de calendários da minha irmã.
O que é certo é que lá fui trauteando a música juntamente com o rádio…
Obrigado por este cantinho. Serve, entre muitas outras coisas bem mais importantes, para me abrir novos horizontes.
E uma coisa é certa… É mais fácil encontrar boa música com a qual me identifico conhecendo 1000 artistas diferentes, do que limitar o conhecimento as 4 ou 5 do costume.
Forte abraço e felicidades para esta agenda.
Miguel