12 de Dezembro de 2020 – Dos limites

Talvez por sermos seres limitados, somos, também, de limites. E a história que hoje me chama a atenção no Jornal de Notícias mostra os dois lados de um mesmo limite. Um homem atira-se ao Tejo com o objectivo de morrer. Só alguém numa situação limite procura provocar a própria morte, como que, ao saltar para o vazio preenchido pelas águas do rio, se salte para além desse limite que é a vida, inundada de dificuldades. Outro homem atira-se ao Tejo com o objectivo de salvar o homem que havia saltado para a morte. Um outro salto, de vida, de coragem, de humanidade. Um outro limite, o da morte iminente, para o qual, em princípio, não fomos feitos. Há muitas formas de contar uma história, muitas formas de recortá-la da realidade, muitas formas de sublinhar, com cores diferentes, este ou aquele pormenor. Seja qual for a forma de contar, recortar ou sublinhar, os limites da vida e da morte estão aqui claros. Ganhou o caminho do meio. Que, no final de contas, vai dar à vida.

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