Diz a OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico) que existe um «desajustamento crónico» entre as habilitações literárias de mais de um terço dos portugueses e o trabalho que, efectivamente, produzem. Seja porque têm qualificações a mais, seja porque se formaram em áreas diferentes da área de actividade, seja porque a conjuntura económica e laboral assim o exige, 33% da população activa está laboralmente desajustada. Ainda estudante, diziam-me que era preciso estarmos preparados para fazermos várias coisas, porque a excessiva especialização não é, necessariamente, inteligente. Outrora, os «artistas», trolhas, pedreiros, carpinteiros, honravam a sua arte, especializavam-se, de facto. Hoje, a especialização é teórica, filosófica, quase metafísica. E é nessa diferença que reside o que é arte, trabalho, profissão ou emprego. Procura-se muito o último, mas o «mercado» diz-nos que talvez seja melhor não esquecermos os restantes.