A rotina foi-se impondo, com a suavidade do sorriso maroto do Quim. À sexta-feira, «hoje é dia». É dia de recolher os euros que cada um reserva para a sua semanada, como agradecimento pela sua forma de estar em comunidade. Mas hoje o dia foi mais do que isso, porque o Quim também tem destas surpresas, que o tornam ainda mais especial. Hoje, o Quim teve a iniciativa de trazer um magnífico bolo de profiteroles, para comemorarmos o aniversário de uma colega. Sem dizer nada a ninguém, sorrateiro, com uma réstea da marotice habitual, chamou, um a um, os amigos que achava que teriam direito a comemorar. E, no fim, aos que não puderam, ele levou a respectiva parte.
O Quim é meu amigo. Falamos todos os dias. Já percorremos várias estradas e participámos em inúmeras festas, com a Banda de Arouca. O Quim, já o disse, faz parte da paisagem de Arouca. A «lufa lufa» diária da vila, o bulício diário, a rua, os locais públicos, os eventos comunitários não são os mesmos sem ele. O Quim, também já o disse, um dia vai fazer falta. E nessa altura será demasiado tarde para lhe reconhecermos a longevidade, o sentido comunitário, a amizade, o bom humor e até a suavidade da sua marotice.
Há figuras tão típicas que sabem ser felizes na sua simplicidade e conseguem tornar os outros felizes, apesar da sua complexidade existencial. O Quim é uma dessas figuras que, na sua simplicidade, consegue vencer qualquer complexo de inferioridade que, certamente, acabrunharia a vida e a maneira de estar na vida a muito boa gente.
O Quim tem o dom de nos surpreender…
Ao contrário do que muito pensam, surpreende pela positiva… 🙂