Há quinze dias, o Primeiro-Ministro anunciou que ia dar a conhecer hoje o plano de desconfinamento. Cumpriu. Curiosamente, cumpriu, num ‘timing’ perfeito, com o Presidente da República ausente do país, acedendo ao pedido que ia sendo gritado por toda a parte: reabram-se as escolas. O Primeiro-Ministro não esteve com meias medidas, e resolveu decretar que se reabram as escolas em cerca de quatro dias, sendo que dois deles são fim-de-semana. Com isto, conseguiu, fácil e rapidamente, angariar o voto dos muitos pais e encarregados de educação que suplicavam pela concretização desta medida, beneficiando do silêncio forçado do Presidente da República, que queria que a coisa acontecesse mais devagar. Mas a pressa é inimiga da perfeição. E não basta anunciar medidas, para depois ver-se. Uma questão tão simples como o uso da máscara, sim ou não, e em que contextos específicos, ou sobre quem decide sobre o assunto, não foi sequer abordada, nem tão pouco questionada pela comunicação social. Depois de respondida a questão da reabertura, esta, a do uso ou não da máscara, poderá já não ser tão consensual entre os pais e encarregados de educação. Ficará ao critério das escolas? Ficará ao critério dos pais? Como se vai processar o convívio entre quem usa e quem não usa? Basicamente, o Governo quer que se implemente uma medida em poucos dias, sem dizer uma palavra sobre como se deve implementá-la. Assim, é mais fácil acusar os portugueses de falta de sofisticação na recepção da mensagem.