O Governo decretou uma espécie de mini-confinamento, nos fins-de-semana prolongados do início de Dezembro. Ao conceder tolerância de ponto aos seus trabalhadores, deixou ao critério do sector privado fazer o mesmo. O que, muito provavelmente, vai acontecer, é que o sector privado não pode dar-se ao luxo de não trabalhar, porque a vida já vai andando para trás o suficiente para não ter portas abertas e caixa disponível para receber os trocos que for possível arrecadar. Estando decretado o fecho das escolas, o debate vai voltar a ser feito de uma forma truncada, e a partir de uma perspectiva meramente utilitária. A questão central vai ser ‘onde é que os pais que têm de trabalhar vão deixar os filhos que não têm escola’. E se esta perspectiva utilitária é, no imediato, a mais importante, não deixo de entristecer-me com o valor que é dado à escola nesta inferência. A escola não é, portanto, um lugar de aprendizagem, de crescimento, de educação (muitas vezes, a que não se consegue que venha de casa). A escola é um mero armazém onde os meninos ficam, para os pais poderem trabalhar, e que desempenha o papel de ‘pais’ durante esta ausência. Será?