Escrevo pouco. Mal. Menos do que gostaria. Escrevo o que sai, e sai pouco. Talvez esteja a ficar com a síndrome da folha em branco. Talvez esteja a deixar-me escravizar pelo tempo e a sucumbir à velocidade dos dias. Não sei. Sei que escrevo pouco. Invejo quem escreve livros. Por escrever muito. Quero escrever muito. E bem. Mais do que o que escrevo. Alinhar a musicalidade das palavras. Escrever uma sinfonia. À mão. Desenhando cada letra, como cada som. Mas escrevo pouco. Mal. Menos do que gostaria. Escrevo o que sai, e sai pouco. A curva do tempo vai apertando, apertando, e não consigo dobrá-la. À espera da linha em branco. Recta. Vazia. Perfeita. À espera das palavras.