Acredito firmemente que precisamos de silêncio. Precisamos de silenciar o pântano, o correr das águas das intempéries, os alertas intermináveis, esta chuva, este granizo imparáveis. Porque, ao mesmo tempo, apetece perguntar a Deus o porquê disto tudo, se a Ele tudo é possível, se Ele nos quer bem. Porquê? Porque nos dá a hipótese de escolhermos, quase sempre, entre dois ou mais caminhos, apesar de, às vezes, chegarmos a becos sem saída. Para nos ajudar a fechar os olhos e procurar esse silêncio quase «oracional», apareceu-me este projecto: «Silêncio». Trata-se de uma edição discográfica de música sacra contemporânea, que surge devido às comemorações dos 25 anos do Departamento do Património Histórico e Artístico da diocese de Beja. É um conjunto de obras que foram encomendadas para este efeito, e que são interpretadas pelo «consort Sete Lágrimas», obras essas que foram compostas por um católico (João Madureira), um ortodoxo (Ivan Moody) e um protestante (Andrew Smith), que usaram textos do Génesis, das Lamentações e da Paixão. Façamos silêncio.