Nestes dias, que são os últimos, Manuela Ferreira Leite, finalmente, desempenha completamente o papel de líder do maior partido da oposição. Toda a gente sabe que sempre disse a verdade, embora quase ninguém o reconheça, mesmo depois de comprovada. E agora, andamos entretidos com «fait-divers» mediáticos, sobre (des)controles na comunicação social, esquecendo, enquanto passamos os olhos distraídos pela desgraça da Madeira, que o país (ainda) está (e estará?) de «tanga». Estamos «taco a taco» com a Grécia, não há que enganar, por muito que nos custe admitir. Por muito que a (aborrecidíssima) arrogância de Jorge Lacão, ao pedir a retirada das declarações da líder do PSD, tente desmenti-lo, ou sequer disfarçá-lo. Somos um país de disfarce, de falsas aparências, de «varrer para debaixo do tapete», de ir buscar fora quando não temos, e de ficar a dever mesmo que não possamos pagar nem sequer a médio/longo prazo. É pena que Manuela Ferreira Leite não tenha podido ser uma líder mais carismática. É pena que só agora tenha este «à-vontade» político. Mas fica o registo.
«Aquilo que eu disse sobre a Grécia foi uma verdade, que era a de que nós estaríamos num caminho semelhante que, se não fosse travado, se não fosse alterado, chegaríamos exactamente ao mesmo ponto. (…) E aquilo que eu disse, do meu ponto de vista, foi uma ajuda ao Governo, que é pena que o Governo não o entenda. Dei-lhes a abertura para eles perceberem que nós compreendemos que há um conjunto de medidas extremamente penosas para cidadãos, culpa das políticas erradas que este Governo tem seguido, mas que nós solidariamente nos absteremos para permitir que o país entre noutra rota. Portanto, foi uma ajuda que eu dei ao Governo. (…) O ponto mais grave é o Governo não estar consciente daquilo que vai ter de fazer e depois, de repente, os cidadãos vêem-se perante factos concretos, de que não estão à espera, para os quais não estão preparados».
(Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD, em declarações aos jornalistas, após reunião do Grupo Parlamentar)