Habituei-me, desde pequeno, a ver, com reverência, a passagem do actor Ruy de Carvalho, em passeio de férias pelas ruas de Arouca. Uma relação de paixão, que fez de si um de nós. Arouquense por adopção. Em Janeiro de 2000, tive o privilégio de entrevistá-lo, para um trabalho da faculdade (publiquei a entrevista em 2011, aqui e aqui), em casa do nosso saudoso e comum amigo, Valdemar Leite Duarte. Na altura, avizinhava-se o 74.º aniversário, e falávamos de chegar ao topo da montanha. Mas uma personalidade como Ruy de Carvalho, não desce da montanha. A menos que seja como Sísifo, e rapidamente regresse a esse cimo. Em 2012, produzi o CD do Orfeão de Arouca, onde pudemos contar com a sua voz a dar vida a textos sobre Arouca. E como me falou, de forma apaixonada, do enorme prazer que teve em gravar a sua voz a falar sobre a sua terra de adopção. Em 2013, regressou aqui, para apresentar o seu livro «Os Anjos não têm Asas». Abraçámo-nos. Desse dia ficou uma dedicatória trocada. Fiquei a ganhar, claramente. Hoje, o tempo e a distância separam-nos. Mas o abraço aqui fica. Porque 94 não é um número qualquer…