Mário Laginha colocava o desafio de uma forma transparente, numa entrevista sublime (daquelas habituais) a Carlos Vaz Marques. Laginha chegou ao piano com vontade de ser como Keith Jarrett. A meta não poderia ser mais bonita, mais arrojada, mais fabulosamente perfeita. Ser um músico como Keith Jarrett é uma ambição desmedida que, de tão desmedida que é, é quase invejosa. Às vezes eu queria ser como o Mário Laginha. Outras vezes, também gostava de ser como o Keith Jarrett. Mas como gosto mais do Mário Laginha, e o sinto mais próximo, prefiro-o. Outras vezes gostava de ser outros. Mas, no fundo, estamos condenados (e bem) a ser quem somos. Mesmo que sonhemos ser quem quisermos. Somos. Estamos sendo. Ponto.