6 de Maio de 2010 – Afinal o que são grandes obras?

O problema dos conceitos é a relatividade. A construção mental que cada um faz do que lhe é dito ou dado a experienciar é altamente variável. Isto para dizer que o conceito de «grandes obras», de que tanto se tem falado, pode e deve ser discutido, alto e bom som. O que é, afinal, uma grande obra? Será um megalómano aeroporto e uma sofisticada linha de alta-velocidade, quando a coesão territorial e a ligação rodoviária decente entre as partes de uma região como a Área Metropolitana do Porto não estão asseguradas? A discussão sobre as grandes obras faz lembrar o aristocrata falido, que continua a passear na rua com roupa de fidalgo, continua a mostrar as paredes exteriores da sua casa de fidalgo, continua, em tudo, a parecer fidalgo, mas, na intimidade, alimenta-se de sandes mistas em pão de forma. Portugal tem a mania (talvez vinda já desde a altura em que a política das descobertas se transformou em «política de transporte») de se pensar de fora para dentro. É por isso que nunca sabemos muito bem de nós, e temos de andar, sempre, a reboque de alguém (a Europa?) que nos vá puxando as orelhas todos os dias, e várias vezes ao dia.

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