24 de Janeiro de 2010 – O corpo e os membros

Talvez o grande «dilema» humano seja o facto de que, para além de seres individuais, temos um pendor colectivo. E isso não se verifica apenas na escala do indivíduo. O próprio corpo é também assim. A metáfora é interessante. Se até o nosso corpo é constituído por vários membros, independentes mas interdependentes, também nós o somos, uns em relação aos outros. Em poucas palavras, ensina-se a sociedade. Não é complicado, é simples. Não é fácil, isso sim.

«De facto, o corpo não é constituído por um só membro, mas por muitos. Se o pé dissesse: ‘Uma vez que não sou mão, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. E se a orelha dissesse: ‘Uma vez que não sou olho, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. Se o corpo inteiro fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfacto? (…)
Se todo [o corpo] fosse um só membro, que seria do corpo? Há, portanto, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: ‘Não preciso de ti’; Nem a cabeça dizer aos pés: ‘Não preciso de vós’. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem fracos são os mais necessários; os que nos parecem menos honrosos cuidamo-los com maior consideração; e os nossos membros menos decorosos são tratados com maior decência: os que são mais decorosos não precisam de tais cuidados».

(Da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios)

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