Acordámos, hoje, com a notícia da possibilidade de ser necessário termos um passaporte de vacinação. A ideia partiu da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e traduzir-se-á num documento (eventualmente digital) que permita a reabertura do espaço europeu às viagens entre países de União Europeia. Embora reconhecendo a virtude da medida, não podemos esconder que ela pode conter, ainda que de forma involuntária, uma certa discriminação. Desde logo, porque a vacinação não é obrigatória. Depois, porque não está ao alcance de todos, ao mesmo tempo. Em terceiro lugar, porque pode dar aso a impedir quem não quer, ou, por algum motivo, não pôde ainda ser vacinado, de exercer um direito, sem que, no segundo caso, tenha qualquer culpa. Não estando a vacina (nem tão pouco os testes) ao alcance de todos, sem excepção, pode ser perigoso aprovar o que quer que seja, sob pena de penalizar alguns (a maioria?), com um carimbo discriminatório.