À primeira vista, podemos pensar que o livro é sobre crer ou não crer, sobre em que crê um ateu, ou um crente. Mas é mais do que isso. Reúne uma série de cartas trocadas entre Umberto Eco e o Cardeal Carlo Maria Martini, tornadas abertas nas páginas da revista ‘Liberal’. O pequeno livro fala-nos, sobretudo, de ética. De formas de estar, ser, sentir, agir, afirmar. E radica na questão que devia ser, por estes dias, fundamental. Como me posiciono, hoje, aqui e agora, em relação a mim mesmo e face à sociedade, tanto no meu isolamento, como no meu convívio digital? Estou e ajo de boa fé, ou estou, ajo e sou conforme as circunstâncias, orientado pelo (bem português) chico-espertismo? E, ainda, outra pergunta, que é uma espécie de resposta a estas outras. Como quero ser lembrado, um dia que já não esteja? O que dei de mim para acrescentar ao mundo? O que deixei de bom aos outros? Talvez se esta fosse a questão essencial, muita da areia na engrenagem que nos vão, subtilmente, colocando no dia a dia, passasse, ao de leve, pelos dentes das rodas. Ou até mesmo não existisse.