Tenho andado a redescobrir um livrinho de Stephen Greenblatt, chamado ‘A grande mudança’, que conta a história de um manuscrito cuja descoberta terá alterado o rumo da história do pensamento moderno. O livrinho conta a história de como Poggio Bracciolini, um ex-secretário papal, se lança na descoberta de livros, e de como terá descoberto ‘Da natureza das coisas’, de Lucrécio, a partir do qual foi possível, de forma sustentada, questionar toda a ordem intelectual até então vigente. O manuscrito de Lucrécio terá cerca de dois mil anos, e, ainda assim, questiona-nos duplamente. Sobre a razão pela qual ignoramos, deliberadamente, quem não concorda connosco. E como é possível que um manuscrito com tal antiguidade ainda seja capaz de nos fazer mudar de perspectiva. Para além disso, achei curioso uma citação que Greenblatt faz de um manuscrito de um mosteiro, que procurava esconjurar quem pretendesse roubá-lo e, com ele, o conhecimento que em si encerrava. É, de facto, um sacrilégio roubar livros…