Às vezes, não conseguimos à primeira. Nem à segunda. Nem depois de toda a vida esgotada a tentar. Mas quem não tenta, não consegue. Egas Moniz foi o primeiro Nobel português. Vemo-lo, aqui, com vida, com uma personalidade, com anseios, inquietações, incertezas. Mas também com a simplicidade de quem se refugia nas raizes. O Doutor Egas quis ver as artérias do cérebro através do raio x. E conseguiu. Como conseguiu, com persistência e sem deixar nunca de lutar, provar que era possível fazer investigação em Portugal. Mesmo limitado, em termos de recursos, e com um pensamento demasiado à frente do seu tempo. Hoje, somos um país de investigadores, mas muito do espírito (de uma certa mesquinhez e inveja de quem faz, diga-se de passagem) não anda muito longe do daqueles tempos. Há coisas que nem a lobotomia consegue resolver.