8 de Setembro de 2019 – Legados

Esta era a fotografia que ficava sempre no início das últimas crónicas do meu avô. Desde pequeno que me habituei a lê-lo, tanto nos textos que escrevia, como nas convicções que defendia, como nas conversas que mantínhamos. Com o passar do tempo, ficámos, ambos, como o Vinho do Porto, apenas com uma diferença: ele era de colheita ‘Vintage’, e eu estou apenas a chegar aos limites mínimos do ‘Tawny’. Mas esse tempo, permitiu-me aprender muito. E, em parte, a genética fez o resto. Sem que me tivesse guiado para aí, sem que tenhamos falado sobre o assunto, sem entrarmos nunca no espaço mais ‘nosso’ de cada um, partilhámos a escrita e a política. Com tudo o que isso implica. Mais uma vez, com uma diferença enorme de percursos e da sabedoria que o tempo nos dá (quase) de graça. Hoje, fui convidado a ficar com o espaço em que ele escrevia. Uma honra tão grande, a que não se consegue dizer que não. Um agradecimento que nunca será suficiente. Um desafio aceite assim, sem pensar. Com a certeza de que esse legado permitir-me-á aprender ainda mais, para que, um dia, possa ser quase tão bom como o ‘Vintage’. Por enquanto, divirto-me a percorrer caminho.

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