De tempos a tempos, é lançada uma histeria colectiva em torno da segurança alimentar. Foi assim com a doença das “vacas loucas”, é assim, agora, com a deficiente rotulagem de refeições congeladas. Normalmente, as notícias partem sempre da Inglaterra. Não sabemos se estrategicamente ou se por acaso. No que diz respeito a isto, também não sabemos, mas o que nos desenharam nos ecrãs de televisão foi uma rede complexa, envolvendo vários países, que traduzia a enorme teia económica que reveste tudo o que consumimos. O novelo foi sendo desfiado, até parar na Roménia. Talvez porque dava jeito ter um país menos desenvolvido na origem de tudo. Pelo que nos dizem, o que se passa é que estamos sujeitos a consumir outra coisa em vez do que está assinalado. Não que o alimento esteja deteriorado ou faça algum mal à saúde. Apenas não está devidamente identificado. Metaforizando um pouco, é como estarmos com alguém que se faz passar por outrem. Sentimo-nos defraudados, e é grave. Mas mais grave é se esse alguém tem alguma “avaria”. Aí torna-se chato. Aí, as coisas podem mesmo ficar “em carne viva”.