A distância que vai de nós até ao Mali é tão curta como uma curta metáfora. Se virmos as coisas de forma crua, não há uma diferença substancial entre os massacres sucessivos e as valas comuns, que são, no fundo, o verdadeiro rosto das guerras, e a opressão a que “os mercados” nos obrigam, ao sujeitar-nos a um Governo que lhes está sujeito. Há a diferença decisiva de não perdermos a vida, no sentido literal, mas isso não quer dizer que não a estejamos a perder, talvez aos poucos, de outra forma. Vendo os horizontes estreitarem-se. Vendo as oportunidades escassearem. Vendo poucas vezes o copo meio cheio. Vendo, calmamente, a vala comum fechar-se, e engolir-nos, à velocidade da voragem com que as más notícias nos entram pelos olhos dentro.