A economia portuguesa é facilmente comparável com a manta da velhinha, sobre os joelhos da cadeira de rodas. Se queremos que cubra os pés, destapa as pernas. Se queremos que cubra as pernas, destapa os pés. E dê-se a volta por onde se der, algo vai ficar sempre descoberto. Hoje, o Primeiro-Ministro de Portugal veio pedir-nos mais sacrifícios, mas não explicou muito bem o que falhou. Veio pedir-nos que, cegamente, aceitemos correr para uma meta que não conhecemos. Estaremos a seguir um plano de resgate económico, ou a caminho de um novo modelo social? Estará o Governo a agir de forma a, subliminarmente, criar teias de dependência dos mais fracos em relação a um Estado pesudo-assistencialista, convidando ao acefalismo? Quanto é que já conseguimos poupar nos cortes na despesa do Estado? Não sabemos, nem ninguém pergunta. Limitamo-nos a reclamar. Muitas vezes, por reclamar. Pedro Passos Coelho chegou ao Palácio de São Bento na pior altura possível. Se bem que, como no caso da manta, e com a qualidade (que não abunda, na verdade) dos nossos políticos, com este ou com qualquer outro Primeiro-Ministro, não estaríamos melhor. Temos alternativas?