À escuta do «Fórum TSF», começou a primeira discussão ao contrário. O debate centrava-se na possibilidade de proibição das inaugurações durante períodos próximos de eleições. A oposição queixa-se que o Governo faz campanha à custa de ser rosto do Estado. O Governo acha que está a fazer o que tem de ser feito. A Comissão Nacional de Eleições diz que não tem poder para intervir. A Lei não permite a proibição. Faz sentido que, como em Espanha, estes actos sejam proibidos? A resposta é dada pela constatação de que se está a entrar uma discussão ao contrário. Toda a argumentação pressupõe que o povo português não tem densidade intelectual suficiente para distinguir um acto de campanha eleitoral de um acto de justiça, que é dotar uma terra de um bem ou serviço necessários. À noite, José Sócrates «entalou-se» no intervalo do Barcelona/Real Madrid para desvendar a parte boa das más notícias pelas quais o país espera. Sócrates disse-nos que o acordo alcançado com o FMI não mexe no 13 º e 14 º mês dos trabalhadores e dos reformados, que não diminuirá o salário mínimo, que não haverá despedimentos na função pública, que não se privatizará a Caixa Geral de Depósitos. Não disse como iria diminuir a despesa do Estado, não disse se haveria reestruturação administrativa, não falou acerca do impacto do acordo ao nível das relações laborais, não esclareceu a que nível se dará o aprofundamento de medidas do «PEC4» e das novas medidas necessárias, nomeadamente ao nível dos impostos. O ressurgimento de Manuel Pinho, desta vez como comentador na RTP da «performance» de Sócrates, e de Teixeira dos Santos, ao lado do (ainda) Primeiro-Ministro despoletam a segunda discussão ao contrário. No intervalo da bola, o que realmente ouvimos, subliminarmente, foi «votai em nós, suaves carneiros». Amanhã serão dadas as verdadeiras notícias.