Arrancaram hoje, oficialmente, as comemorações do centenário da implantação da República em Portugal. Fruto, talvez, da proximidade dos tempos, ou até mesmo de alguma complexidade dos factos que ocorreram há um século, tantas foram as personagens e «peripécias», não é dos períodos que tenhamos mais facilidade em contar fluentemente. Será mesmo, talvez, dos períodos da história portuguesa que menos bem conhecemos. Talvez seja um bom pretexto para debelarmos esse problema. Hoje, debaixo de chuva, as entidades oficiais disseram de sua justiça sobre a República e a sua importância histórica e política. Mas foi uma referência de José Sócrates à forma de se fazer história que me mais me prendeu a atenção. Sabemos bem de como a história pode ser (mal) ensinada, servindo, muitas vezes, uma visão política dos factos, o que é tão mais fácil quanto mais próximos estamos do tempo abordado. E é esse, precisamente, um dos perigos. O de vermos a história de uma forma demasiado politizada, de uma forma «oficial», dogmática. Que este centenário contribua para eliminarmos o que ainda resta dessa «história oficial», que ainda vai sendo ensinada por aí.
«Em democracia, não há uma história oficial. E muito menos a democracia consente manipulações da história, ao serviço de justificações políticas ilegítimas. A história é escrita pelos historiadores, na pluralidade das suas visões e das suas metodologias. Sem julgamentos nem preconceitos. A história deve basear-se na investigação, na análise, e na compreensão. Mas nenhuma leitura da história pode ignorar a importância e o significado dos ideais e dos valores republicanos, nem tão pouco a inspiração que eles ainda hoje representam para as gerações actuais».
(José Sócrates, Primeiro-Ministro de Portugal, durante o arranque oficial das comemorações do centenário da República)
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