No dia em que as notícias vão e vêm no percurso da variante Arouca/Feira por construir, consta-se que Mário Crespo foi silenciado. Numa nota publicada no «Jornal de Notícias», onde o jornalista escrevia habitualmente, é dada a conhecer a cessação de colaboração de Mário Crespo, devido a um artigo (mais um) violento em relação ao Governo e a alguns dos seus elementos. O artigo não chegou a ser publicado no «JN», mas o Instituto Francisco Sá Carneiro fê-lo publicar no seu portal. Apesar da violência das palavras, o seu conteúdo levanta sérias questões quanto à acção mediática deste Governo. Mário Crespo tem uma carreira no jornalismo que todos conhecemos, e não será, por certo, por mero acaso que tem assumido uma posição extremamente crítica para com a atitute governamental face à comunicação social. A ser verdade o que afirma, ter sido referenciado em público como «um problema» para o qual era preciso uma «solução» (que agora surge), estamos mal. Muito mal. Até porque os casos se vão sucedendo. Enquanto nós, por cá, continuamos, sem saber muito bem em que sentido, a percorrer as vias de uma via que tarda em nos estruturar, e cujo «protesto», esperemos, não seja também silenciado.
O Fim da Linha
(Mário Crespo)«Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada».
Estamos à beira de um ditador que não tem limites na sua oposição
Ehhhh Porreiro pá!
acabo de ouvir o nosso Primeiro dizer, bem à portuguesa, no Telejornal
MaicroSoft (Micro Soft).
Fixe, o gajo não percebe de Latim, nem de Português,… e de Inglês, só do técnico, mal e porcamente e em papel a4 (não em Almaço – porque isso é outra história).
Bazei da praia.
Todo o episódio parece-me lamentável.
Mas só ainda não vi em lado nenhum, ninguém dizer quem foi que ouvi tal conversa. Isto é, que é a tal fonte fidedigna.
Se por um lado se censura, também no tempo da outra senhora, se inventava muito para dizer ao povo…
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