A Entidade Reguladora da Comunicação Social vai apurar se existe interferência do Governo na actividade normal dos órgãos de comunicação social. Ou melhor. A Entidade Reguladora da Comunicação Social vai apurar que existe interferência do Governo na actividade normal dos órgãos de comunicação social. Ou não fossem alguns dos membros da ERC ex-assessores e especialistas em comunicação política o suficiente para perceberem que também eles já o fizeram, de uma forma ou outra. É óbvio que, cada vez mais, as instituições têm forçosamente de seguir o caminho da profissionalização da sua comunicação, assegurando, dessa forma, o mínimo fluxo de informação acerca da sua actividade, motivando os receptores (normalmente jornalistas) a aprofundarem as notícias produzidas, dando eco das mesmas. Apenas com esse gesto de preparação da informação, já está a haver interferência na comunicação social. Se daqui avançarmos para o teor das conversas que existem entre assessores e jornalistas, às informações que são trocadas, de parte a parte, em «off record», facilmente chegamos à conclusão de que o que os membros da ERC estão a tentar descobrir é se primeiro apareceu o ovo ou a galinha.
«Uma pessoa do círculo próximo do primeiro-ministro e que conhecia muito bem a situação do jornal e a nossa relação com o banco BCP disse-nos que os nossos problemas ficariam resolvidos se não publicássemos a segunda notícia do Freeport»
José António Saraiva, director do jornal «Sol»
Aposto que a conclusão vai ser inconclusiva.