20 de Fevereiro de 2021 – Sobre a (des)importância dos professores

Volta a ouvir-se falar de desconfinamento, e, imediatamente a seguir, de que serão as escolas os primeiros espaços a reabrir. Não sei se devamos ficar contentes ou tristes. Se todos nos apercebemos de que o ensino não faz muito sentido em formato não presencial, os professores, em concreto, têm tudo para sentir-se ao deus-dará. O Governo põe e dispõe da boa fé e do sentido de missão destas pessoas, e não tem qualquer pudor em assumir uma acção absolutamente errática, tendo sempre por adquirido que os professores irão a reboque, e farão a magia de concretizar as coisas. Inclusive, fazendo o que deveria ser o Governo a fazer, e não fez. Nem faz. Nem fará. Em todo este processo de confinamento, desconfinamento, abertura e fecho de escolas, não houve qualquer cuidado com esta classe profissional, que teve de se conformar com um viver em suspenso, em incerteza constante e numa ligação umbilical de vinte e quatro sobre vinte e quatro horas à escola, mantida pelo digital. Uma das histórias que ficará por contar, sobre esta pandemia, é a do profundo abandono, da profunda desconsideração, do esquecimento da importância estrutural da profissão de ensinar.

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