25 de Outubro de 2019 – Everything is (not) political

Desengane-se quem pense que quem decide tudo sobre tudo são os políticos. Não é verdade. Mesmo que queiram decidir em seu proveito, os políticos não conseguem decidir nada se não tiverem a conivência da máquina. E a máquina é toda a estrutura administrativa, burocrática, prática do sistema. Um conjunto de rostos que produzem uma entidade sem rosto, que verdadeiramente faz girar as rodas dentadas necessárias para dar corpo às decisões. Hoje, o ‘Sexta às 9’, da RTP, destapou um pouco do véu por trás das notícias do momento que envolvem gentes de Arouca em polémicas políticas nacionais. E o que fica, nas entrelinhas do que é factualmente apresentado, é isto mesmo. Os políticos podem decidir à vontade, mas é a máquina quem faz com que as coisas andem. Ao ponto de promoverem a decapitação da estrutura, porque sabem que, na realidade, a cabeça é a parte menos importante. Hoje, a máquina é que comanda a política. Desengane-se quem pense que é ao contrário. A máquina e alguns políticos que estão por dentro do funcionamento da máquina. Por isso resistem aos golpes mais mortíferos. Por isso, eventualmente, pactuam com (ou executam, ou ajudam a executar) as decapitações ou depurações da máquina. Por isso oferecem presentes envenenados, para que outros políticos pensem que podem, de facto, mudar alguma coisa. Depois, vai-se a ver, e nada. Afinal, era preciso alimentar a máquina. Alguém dizia que ‘everything is political’. Mas talvez seja mais adequada a música dos Pink Floyd: ‘welcome to the machine’.

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