7 de Outubro de 2019 – Comer ou não comer carne

É interessante verificar que o texto que foi tema de capa da última edição da revista ‘Visão’ não gerou qualquer reacção. Pelo facto de não ter havido ninguém a contradizer algumas das coisas que ali podem ler-se, deduz-se que sejam verdadeiras, ou, pelo menos. minimamente credíveis. Sem querer manifestar opinião, apetece simplesmente transcrever algumas das ideias que podem ser lidas no interessante texto de Luís Ribeiro, para reflectirmos. Primeiro: o relatório da FAO ‘A longa sombra da pecuária’, que apontou 18% como o valor das emissões de gases com efeito estufa, mais do que a percentagem atribuída aos transportes, por exemplo, não parte de premissas correctas. Isto porque os estudiosos resolveram contabilizar todo o ciclo produtivo da pecuária, mas não todo o ciclo produtivo associado à indústria dos transportes, comparando, assim, alhos com bugalhos. Considerando o valor dos transportes apontado por estes estudiosos (14%), e a forma como chegaram a esse número, estaríamos a falar de apenas 5% para a pecuária. Segundo: considerando todo o ciclo produtivo, temos de ter em conta a importância da agricultura e da pecuária na manutenção da fertilidade dos solos. Caso contrário, para um cultivo mais intensivo de produtos que possam acompanhar a dieta vegetariana, seria necessário recorrer a outras técnicas fertilizantes, com os químicos associados, e as respectivas emissões associadas, já para não falar no equilíbrio dos habitats. Terceiro: o Governo português fala no aumento da importação de carne como resposta à diminuição da produção autóctone. Tendo em conta a forma como as espécies autóctones são criadas, uma redução da produção na ordem dos 50%, como se fala, sem se apontarem números para a suposta importação, soa quase a ridículo. Valerá, portanto, a pena reflectir. Aliás, estranho é o silêncio sobre isto, desde quinta-feira passada.

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