Ficámos a saber, no Dia Mundial da Música, que vai deixar de haver Festival Internacional de Música do Algarve. Podia ser outro festival qualquer, em qualquer outra região do país. Mas foi no Algarve, um Festival Internacional. Que, há algum tempo, tinha ficado em suspenso, depois voltou, e agora desaparece, até ver. É esta falta de continuidade do que poderia fazer parte de uma política cultural que dá que pensar. Porque estas coisas não se fazem sem apoios. E os apoios parecem ser geridos com algum critério geográfico, mesmo que não seja esse o principal. Deixar de haver um festival de música no Algarve não significa o mesmo que deixar de haver um festival de música na região de Lisboa. Os impactos são diferentes. As consequências são outras. Portanto, o resultado é o fecho do interior, ou de tudo o que não é Lisboa, ou metrópole. Toda a gente tem falado muito na regionalização, mas de forma pouco concreta. O que, na cultura, não seria difícil de acontecer. Porque temos as Câmaras Municipais com grande capacidade de organização e mobilização para a cultura e para os eventos que conseguem promover. Se algum político mais iluminado se lembrasse que, perto das populações, estão as autarquias, e que estas podem ser parceiras e não empecilhos, talvez as coisas fluíssem de outra forma. Bastava quererem.