Vinha de casa quase decidido a desistir de tudo, para recomeçar algo que não sabia o que era. Nem como. Nem onde. Decidido a acreditar que não tenho vocação para alinhar palavras. Porque me soam sempre ao mesmo. Esgotadas. Sem sentido. Sem ninguém interessado em vê-las alinhadas e reconhecer-lhes algo mais do que letras. Vinha de casa a pensar num outro futuro, que não estava a ver. A pensar que talvez precisasse dos óculos de alguém para o ver. Vinha de casa certo de que “this is it”, e nada mais. E sou parado, de forma inesperada, para me dizerem, de viva voz, com palavras simples, mas as certas, cadenciadas, as melhores que jamais poderia encontrar, para me dizerem (digo outra vez) que me lêem. Que acreditam no que escrevo. Que às vezes até lêem de trás para a frente. E, de repente, talvez tenha deixado de fazer sentido desistir. E, de repente, eu acreditei. Acreditei.