14 de Fevereiro de 2015 – As mãos

maosVolto às mãos de Neruda. A essas mãos, de que reconheço o toque. A essas mãos que parece que corremos o mundo, a procurá-las. E que, depois da mais longa viagem, estão sobre o meu peito. Não sei de quem são, se são minhas. Olho-as, perfeitas. Abertas para tocar tudo o que existe, até a estrela mais brilhante, ao longe, que cabe entre dois dedos. Volto a essas mãos que partiram sem deixar um bilhete de despedida, mas que a memória não deixou sair daqui. Às mãos que são do tamanho de um rosto, e o cobrem, e o aquecem. A essas mãos que se alargam, e distanciam, e aproximam, a preto e branco. Volto a essas mãos que não são minhas. Que não são de ninguém. Às mãos que me fazem falta, para poderem tocar-me os olhos fechados sem eu esperar. Essas mãos que me prendem, mesmo não estando aqui, mas segurando, lado a lado, o mundo inteiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *