Pacheco Pereira é mais um dos fervorosos “desapoiantes” do (des)acordo ortográfico, e isso fica bem explícito na sua crónica de ontem, no jornal “Público”. Como muito bem lembra, a decisão de aplicar esta verdadeira farsa foi política, e não técnica ou resultante de uma necessidade social. É uma medida facilitista, que aproxima um património com a dimensão da língua portuguesa do “SMSês”. E se mais provas faltassem para demonstrar a vacuidade deste (des)acordo, basta vermos quantos países o adoptaram. E veremos que, curiosamente, nenhum o fez. A não ser Portugal, numa atitude absolutamente provinciana, atentando mesmo contra a sua própria identidade. Juntamente com as famosas PPP, encontramos aqui uma fonte de despesa absolutamente desnecessária, que acaba por ser repartida por todos nós, todos os dias. Mas enfim. Leia o artigo de Pacheco Pereira. Logo nos dois primeiros parágrafos, ele diz ao que vem. Mas é melhor ler. Tudo.
“O acordo ortográfico é uma decisão política e como tal deve ser tratado. Não é uma decisão técnica sobre a melhor forma de escrever português, não é uma adaptação da língua escrita à língua falada, não é uma melhoria que alguém exigisse do português escrito, não é um instrumento de cultura e criação.
É um acto político falhado na área da política externa, cujas consequências serão gravosas principalmente para Portugal e para a sua identidade como casa-mãe da língua portuguesa. Porque, o que mostra a história das vicissitudes de um acordo que ninguém deseja, fora os governantes portugueses, é que vamos ficar sozinhos a arcar com as consequências dele”.
(Pacheco Pereira: “Acordo ortográfico: acabar já com este erro antes que fique muito caro”, no “Público” de ontem)