Há dias assim. Em que nos apetece o silêncio. A distância. Uma interrogação constante, para a qual a ausência de resposta é também constante. Voltar a percorrer o caminho desde a despedida, junto à praia, ante um mar infinito de onde não se sabe se haverá regresso. Há dias em que músicas, simples, com palavras, também simples, nos deixam muito para absorver nas entrelinhas. Música e palavra são-nos tão marcantes quanto a capacidade que têm de ter a ver connosco. Assim foi com este tema de “O irmão do meio”, de Sérgio Godinho. Em que as palavras deixam margem para se pensar em muita coisa, mesmo não querendo pensar em nada. Neruda dizia acontecer cansar-se de ser homem. Há dias assim. Em que somos, apenas. E em que pensamos, também sobre os outros dias, se pode alguém ser quem não é.
Sérgio Godinho; Teresa Salgueiro – Pode alguém ser quem não é (O irmão do meio)
Sérgio Godinho (com Teresa Salgueiro) – “Pode alguém ser quem não é?”