Se fosse em Portugal, dizia-se que «à boa maneira portuguesa» se estava a negociar até ao derradeiro segundo a «fuga ao abismo» orçamental. Mas isto está a acontecer, e nos Estados Unidos. Sim, a capital do mundo está prestes a lançar-se, suicida, num abismo orçamental, sem que possamos sequer imaginar o que isso significa para nós. Bem, a sensação de estar no abismo, conhecemo-la bem. Não é coisa que se aconselhe. Em breve, estaremos em contagem decrescente. À espera que, antes do 1, a América decida travar a queda. Ou então, o abismo em que temos caído será bem maior do que imaginávamos. Barack Obama tenta ver mais longe. Talvez já esteja a tentar ver 2013, ao longe. Ou a tentar ver-nos a nós, deste lado do oceano, e a pensar que não basta ser grande para ser imune às crises. O «gigante americano» tem uma contagem decrescente mais importante para fazer. Enquanto o mundo sustém a respiração, e deixa a contagem dos últimos segundos de 2012 em suspenso.