«L’Enfance du Christ» revelou-se uma agradável surpresa, sobretudo depois de verificar que o narrador, em concerto, seria o meu amigo Fernando Guimarães. A obra é uma espécie de cantata cénica, uma «quase ópera», e foi estreada em 1854, causando no compositor sentimentos díspares. Segundo consta, Hector Berlioz ficou satisfeito com a forma positiva como o público acolheu a obra, mas menos satisfeito por ter causado maior impacto do que a sua «La Damnation de Faust», apresentada em 1846. Nesta obra, Berlioz evoca, segundo as suas memórias, as suas primeiras impressões musicais, procurando, ao mesmo tempo, «recolorir» o conceito de oratória, uma das formas mais significativas da música sacra. A música é muito boa, mas fica muito melhor na voz do Fernando, eu acho. Hoje, foi a primeira apresentação. Nada mal, da nossa parte. Sublime, da parte dele.
«Many thought they could detect in this work [l’Enfance du Christ] a complete change in my style and manner of writing. But this view is completely without foundation. The subject naturally called for music of a naïve and gentle kind … I would have written l’Enfance du Christ in exactly the same way twenty years ago»
(Memoirs, Post-Scriptum – 1856)