Há quem olhe para a vida como uma espécie de grande engrenagem, movida através de sucessivas rodas dentadas. Uma vez quebrada uma das rodas, ou alterada a rotação, todo o sistema daí em diante é alterado. Transpondo isso para o dia-a-dia, essas alterações no movimento das rodas dentadas são as nossas opções. Opções que nos surgem com base nos sonhos e nos desejos que temos, e numa boa daquilo a que chamamos “acaso”, seja lá o que isso for. Há algum tempo, revendo uma entrevista de Christoph Konig, maestro da Orquestra Nacional do Porto Casa da Música, relembrei algo que ele próprio já nos tinha dito, numa das sessões de trabalho. Se, em vez de ter escolhido seguir um sonho e ser maestro, tivesse sido taxista, teria muito menos problemas. Penso isso quando vejo as mãos dos homens que trabalham a pedra com a arte da cantaria. Penso nisso quando os calceteiros conseguem alinhar um passeio onde muitas vidas passarão. Penso nisso quando vejo um electricista ou um canalizador fazerem com que dois bens essenciais nos cheguem onde queremos. Penso nisso quando um trolha, um carpinteiro, um pedreiro põem de pé uma casa. Podia ter sido tudo isso… Afinal as soluções são simples. Nós é que tornamos os problemas complicados.