6 de Novembro de 2012 – E eu tenho inveja de Lobo Antunes

Ele já assumiu que escreveu tudo o que queria. E talvez o tenha feito, porque conseguiu ler tudo o que queria. Fez tudo o que queria. Já pode dizer adeus, diz ele. Eu também queria ter lido tudo o que é obrigatório ler. E ter o dom de escrever tudo o que queria escrever. Poder olhar para trás e verificar que cada palavra, ao lado de outra palavra, era exactamente ali. Ver-me ali. Sentir que estava o dever cumprido. Queria ter feito tudo o que quis fazer. Ser tudo o que quis. Dizer tudo o que quisesse. Poder dizer adeus, talvez mais tarde. É por tudo isto que tenho inveja de Lobo Antunes. Ele pode dizer e fazer tudo o que quiser. Eu não.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *