3 de Novembro de 2012 – «Resgatados» (ou a repetição da história?)

Leio com voragem, no sentido mais amplo da palavra, «Resgatados», de David Dinis e Hugo Filipe Coelho. Regresso, com curiosidade, aos bastidores da acção política, que levaram a que, em Abril de 2011, José Sócrates usasse o «telefone vermelho» para pedir ajuda à «troika». Sócrates, tudo parece indicar, era dos únicos (senão mesmo o único) que acreditava ser possível sobreviver sem ajuda do FMI. Fez tudo o que pôde (e talvez não devesse) para o conseguir, mas em vão. Pelo meio, falou com alguns, mas esqueceu-se de falar com outros, e a uns e outros nunca deu o retrato completo. O próprio Ministro das Finanças da altura, Teixeira dos Santos, o alertava sistematicamente para a gravidade da situação, e avançava já com propostas de medidas que o tempo veio a impor, e que tanto têm sido criticadas. Basicamente, Sócrates «caiu» por falta de consenso. Por uma certa teimosia de parte a parte. É frequente que os cálculos de quem decide não estejam muito alinhados com os de quem vê a carteira vazia todos os dias. Relendo esta história recente, parece estarmos a assistir a um «remake». Mais uma vez com decisões e motivações que ultrapassam o comum dos portugueses. Como diria Badaró, «é política».

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