Quando dei por mim, vi que tinha uma coisa que ninguém me podia tirar. A capacidade de imaginar. A capacidade de sonhar. A capacidade de, de repente, essas imagens se transformarem em palavras. E contar histórias. Imaginadas. Vividas. Contadas. Valia a pena sonhar, porque ali não havia limites. Valia a pena contar, partilhar. Havia esse imaginário, um impossível tornado possível. Com as palavras, conseguíamos tornar os sonhos realidade. As palavras tinham música. As palavras tinham sabor. As palavras existiam mesmo antes de existir. Eram descobertas. Ganhavam vida própria. Nessa altura, não havia crise, nem tristeza, nem medo, nem muitas coisas para fazer, nem nada que nos tirasse o tempo. O tempo em que valia a pena sonhar.