Há 11 anos, tinha estado até tarde, na noite anterior, a trabalhar com os meus amigos Aida Silva e João Abrunhosa numa reportagem que estávamos a fazer sobre os cafés do Porto. A Joana, verdadeira líder da equipa, tinha ido agarrar uma oportunidade a Lisboa, e agarrou-a tão bem, que ainda hoje a segura. Tinha amanhecido como em qualquer outro dia, e a tarde já tinha chegado sem avisar, quando, depois de não ter dado conta de nada, pelas ruas do Porto, encontrei o departamento de Jornalismo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto completamente parado e colado a uma pequena televisão, que ia contando o que estava a acontecer do outro lado do Atlântico. Ainda chegámos a pensar que talvez fosse um sonho. Afinal, tínhamos acordado há pouco, e talvez ainda viesse alguém dizer-nos que era tudo imaginação nossa, de tantas imagens que já nos tinham passado pelos olhos. Mas não. O mundo estava a mudar. Em directo. Em frente a nós. Sem podermos fazer nada, senão esperar que o guião previamente escrito tivesse sequência. Como muitas obras de arte que nos parecem estranhas, aqueles atentados continuam a não fazer sentido. Mesmo 11 anos e muitas teorias depois.