Portugal é assim. Num instante passa do 8 ao 80, e vice-versa. Até há bem pouco tempo atrás, os Paralímpicos eram o que são todos os dias. Gente esquecida, cordialmente colocada dentro de quatro paredes, para que a sua índole “especial” esteja controlada. Depois, eles mostraram que são bem mais do que isso. Aliás, como o provam todos os dias a quem os acompanha, a quem os visita, a quem se interessa pelo seu viver. Agora, têm honras de recepção em tudo quanto é entidade. Espera-se tudo deles. Queremos medalhas. Queremos que sejam eles a dignificar um país que não se dignifica a si próprio no dia-a-dia. E são, curiosamente, os mais “especiais”, aqueles que menos se quer na proa, em quem se deposita confiança, agora. Havia quem defendesse que a época de incêndios era tão mais violenta quanto abrangente e focada era a cobertura jornalística. Com directos e proximidade das chamas e da acção dos bombeiros. Normalmente é assim. A televisão tem efeito multiplicador. O que é urgente não acontecer é querermos que sejam os Paralímpicos a darem-nos a vitória que os dignos atletas Olímpicos não conseguiram, nem tão pouco a tão ansiada final a que os nossos milionários da bola quase foram. No meio de tudo isto, queria deixar um sincero abraço de boa-sorte ao valecambrense e meu colega de faculdade João Paulo Fernandes. Não nos conhecemos bem, mas partilhamos uma escola. Onde ele, apenas com a presença, nos ensina muito.