24 de Janeiro de 2012 – Novas censuras, velhos métodos, as mesmas verdades inconvenientes

Por dizer a verdade numa crónica, aos microfones da estação pública de rádio, Pedro Rosa Mendes foi silenciado. Basicamente, o que o jornalista disse foi o que todo o país minimamente letrado pôde constatar. Que o tão badalado «Prós e Contras» emitido desde Luanda, apregoando um «reencontro», foi tudo menos isso. Foi um «flop», uma visão parcial, distorcida e conveniente. Por momentos, esquecemo-nos de que Angola esteve em guerra até há pouco tempo, e que também até há pouco tempo pairava, constantemente, uma nuvem negra sobre os políticos angolanos, e a palavra corrupção não era usada com tanta parcimónia como naquele dia. «Desfilaram, durante duas horas, responsáveis políticos, empresários, comentadores de Portugal e de Angola, entre alguns palhaços ricos e figuras grotescas do folclore local». Foi pouco, muito pouco, para uma televisão que todos nós pagamos. Por tudo isto, e muito mais, Rosa Mendes tinha razão. E, por isso, pelas mesmas verdades inconvenientes de sempre, com base em velhos métodos, foi vítima de uma nova censura. Disfarçada de final de contrato.

«O serviço público de televisão tem estômago para muito, alguns dirão que tem estômago para tudo, mas o reencontro a que assistimos desta vez foi um dos mais nauseantes e grosseiros exercícios de propaganda e mistificação a que alguma vez assisti».

(Pedro Rosa Mendes, na sua última crónica de «Este tempo»)

One thought on “24 de Janeiro de 2012 – Novas censuras, velhos métodos, as mesmas verdades inconvenientes

  1. Não vou dizer que subscrevo o que escreveste porque acho que ninguém de bom senso irá contrariar as tuas palavras. Deixo apenas uma sugestão, visitem o site da Antena 1 e ouçam a última crónica do Pedro Rosa Mendes. Para além de muito profissional, é de uma integridade de louvar. Como poucos!

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