A estreia de Nuno Crato, novo Ministro da Educação, no Parlamento suscitou uma agradável surpresa em quem pôde acompanhar a sua prestação. Com calma, de forma directa, simples e sem grandes truques parlamentares, o novo Ministro anunciou as medidas que quer implementar, e não se deixou enredar pelos truques oratórios. A julgar pelas suas palavras, vai ser preciso, no entanto, muita acção, o que não será, certamente, fácil, a julgar pelo tamanho da «máquina», e pelo facto de, como disse, ser um Ministério que se julga «dono» da Educação. Esperamos, agora a acção. Nuno Crato provou, hoje, que, mesmo em termos retóricos, é possível ser diferente. Para melhor, sem dúvida.
«Há muitas coisas que se conseguem fazer com pouco dinheiro, desde que haja determinação e vontade».
«A avaliação não pode ser feita com provas que não se sabe exactamente o que vão avaliar, que mudam o grau de dificuldade de um ano para o outro e que não se centram no essencial».
«[Há quem defenda que] para facilitar a vida aos filhos dos pobres é preciso diminuir exigência: eu sou exatamente partidário do contrário. [Se não houver o mesmo grau de exigência para todos,] são os filhos dos mais ricos que têm hipóteses alternativas».
«O Ministério da Educação é uma máquina gigantesca que, em muitos aspectos, se sente dona da Educação em Portugal. Eu quero acabar com isso».
(Nuno Crato, Ministro da Educação, no seu primeiro debate no Parlamento)