Já se falava há algum tempo acerca dos salários principescos dos principais rostos da RTP. Agora, como num golpe de teatro, a TVI «decapita» a direcção de informação da estação pública de uma só penada, levando José Alberto Carvalho e Judite de Sousa para Queluz. Estas movimentações roçam o vergonhoso, sobretudo quando sabemos as condições em que os jovens, recém-licenciados e não só, são recrutados para estágios, frequentemente não remunerados, e como ficam enquadrados em termos laborais, frequentemente em situações precárias e com salários baixos. A televisão retrata, assim, as discrepâncias que, ao fim e ao cabo, acontecem no país. Quem é importante, quem conhece pessoas, quem tem poder, tem benesses, tem regalias, tem um bom enquadramento profissional, tem dinheiro, tem sempre escapatória. Quem não é, tem de se resignar a lutar pela sobrevivência, tem de se conformar com o impedimento de exercer a profissão na qual investiu a sua formação, tem de continuar na cepa torta. Isto não é jornalismo, é espectáculo. E para (um mau) espectáculo, já nos basta o que decorre nos corredores do poder.