Graças a uma aplicação espanhola que encontrei na internet, descobri que, hoje mesmo, completo 30 anos e 166 dias. Fiquei a saber que nasci a uma quarta-feira, num dia quente (quase) de verão, e que desde que nasci se passaram 11.122 dias, 365 meses, 1.588 semanas. Farei anos de novo dentro de 199 dias. Depois de feitas todas as contas, resumindo e concluindo, também faço parte da geração que o jornal «Público» celebrizou como «rasca». Faço parte do grupo de pessoas que trabalha a recibo verde desde que terminou a licenciatura, muitas vezes mesmo abaixo dos quinhentos euros. Faço parte da geração em quem o Estado investiu na educação, para que fosse a geração com melhores qualificações, mas a quem acabou por dar um «presente envenenado». Faço parte de uma geração a quem, de certa forma, o Estado foi «virando costas», umas vezes descaradamente, outras vezes por incapacidade. Faço parte de um grupo de pessoas que gostaria de dar um contributo mais efectivo no sentido da mudança, e não apenas para a Segurança Social e para o IRS, recebendo muito pouco em troca por esse enorme esforço. Faço parte de uma geração que pensa muitas vezes antes de ter filhos, porque a instabilidade financeira faz depender tudo dela. Eu pertenço à «geração (à) rasca». E é por isso que acho que o protesto que tem sido anunciado no «Facebook» faz sentido.