Depois da notícia de ontem, no jornal «Público», não soubemos se a coisa correu bem ou não, mas também não interessa. O que interessa é o mérito do projecto, da ideia, da acção. E o projecto, a ideia, a acção chama-se «Som da Rua», e, em palavras «grossas», é uma orquestra constituída por pessoas sem-abrigo. Trata-se de mais um verdadeiro serviço público proporcionado pela Casa da Música, através do seu Serviço Educativo. Ali, há uma espécie de paragem no tempo, cessam os problemas, desaparecem as dificuldades. E o que proporciona tudo isto? A música, pois claro. Ontem, a orquestra «Som da Rua» apresentou-se na Fundação Gulbenkian, provavelmente o mais exigente e eclético palco nacional, no âmbito de um seminário intitulado «Limites na Intervenção com Pessoas Sem Abrigo». Nenhum destes músicos pensou alguma vez vir a tocar na Fundação Calouste Gulbenkian. Não importa. Não importa o resultado. Importa, só e apenas, o processo.
Sem dúvida. Além de tudo o mais, o processo. E além do alcance geral, sobretudo o alcance pessoal de cada um dos elementos.
Era um projecto que já conhecia e parabéns por o teres trazido aqui.