Ler o «Pravda», um dos mais emblemáticos jornais russos, pode ser um exercício de completa ignorância, sobretudo porque a nossa compreensão do cirílico (alfabeto russo) é diminuta. Contudo, há sítios onde podemos aceder aos artigos traduzidos, e ficamos assim a saber o que dizem de nós, Portugal. O texto em inglês pode ser lido aqui, e alguns excertos tomei a liberdade de os traduzir. Vale a pena ver.
«E não é por serem portugueses. Vamos ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores sócio-económicos, e veremos que 12% da população é portuguesa, o povo que construiu um império que se estendia por quatro continentes e que controlava o litoral de Ceuta, na costa atlântica, até ao Cabo da Boa Esperança; na costa oriental da África, no oceano Índico, o Mar Arábico, o Golfo da Pérsia, na costa ocidental da Índia e Sri Lanka».
«O maravilhoso sistema da União Europeia é controlado pelas agências de notação ‘Fitch’, ‘Moody’s’ e ‘Standard and Poor’s’, baseada nos EUA (onde mais?), que controlam virtualmente e fisicamente as políticas fiscais, económicas e sociais da Estados-Membros da União Europeia, através da atribuição das notações de crédito».
«As medidas de austeridade apresentadas por este senhor são o resultado da sua própria inépcia como primeiro-ministro no período que antecedeu a última crise mundial do capitalismo (em que os líderes do mundo vieram com três triliões de dólares de um dia para o outro, para salvar banqueiros irresponsáveis, enquanto nada foi feito para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projectos de educação)».
«E, assim como seus antecessores, José Sócrates demonstra uma falta de inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem uma política de laboratório e implementem políticas de laboratório, que acabam por ser contra-producentes».
Timothy Bancroft-Hinchey (Pravda)